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Acessibilidade, Capoeira e Inclusão

Sobre o Instituto Gingas

A cada novo dia aprendemos mais sobre resiliência, amor e afeto. É um privilégio poder colaborar diretamente práticas que transformam o mundo. Nessa trajetória, vamos plantando sementes de esperança para colher mais acessibilidade e inclusão para todas as pessoas.

  • Diferença como potência.
  • Atitude como princípio.
  • Transformação e mudança positiva.
  • Um mundo mais justo.

Circundado este universo de sentidos, o Instituto GINGAS tem como foco de suas ações a promoção e difusão da inclusão e da acessibilidade em âmbito cultural, dialogando direta e intimamente com a cultura de matriz africana e a educação. Através de oficinas, palestras, capacitações, intercâmbios e apresentações artísticas, sua missão é promover o acesso, disseminação, salvaguarda e apropriação da cultura afrobrasileira através de ações sociais, culturais e educativas voltadas a contemplar – principalmente, mas não somente – as pessoas com deficiências físicas e intelectuais, em especial, aquelas que são portadores da Síndrome de Down.

 

O ideias da “ginga”, conceito essencial a gênese do Instituto, é também um fundamento central da capoeira. É a gestualidade que, ao mesmo tempo que serve como a matéria prima para a estratégia, o jogo, a maneira de se estabelecer na roda (e na vida), serve também para disfarçar sua contundência marcial em um bailado.

 

O objetivo da ginga é não oferecer ao oponente um alvo fixo. A malandragem do capoeirista é enganar o adversário, geralmente induzindo-o a um ataque e dando ao primeiro a possibilidade de contra-atacar com eficiência. Como diria Dias Gomes: “CAPOEIRA é luta de bailarinos. É dança de gladiadores. É duelo de camaradas. É jogo, é bailado, é disputa – simbiose perfeita de força e ritmo, poesia e agilidade. Única em que os movimentos são comandados pela música e pelo canto. A submissão da força ao ritmo. Da violência à melodia. A sublimação dos antagonismos. Na Capoeira, os contendores não são adversários, são ‘camaradas’. Não lutam, fingem lutar. Procuram – genialmente – dar a visão artística de um combate. Acima do espírito de competição, há neles um sentido de beleza. O capoeira é um artista e um atleta, um jogador e um poeta”.

 

Segundo alguns historiadores a palavra GINGA tem origem na rainha guerreira Nzinga Mbandi Ngola (1581-1663). Conhecida como “Rainha Ginga”, soberana de Matamba e Angola, essa mulher foi uma das maiores guerreiras e líderes da história mundial. Com agilidade política e com armas comandou uma resistência contra os portugueses pela liberdade, lutando durante 40 anos à ocupação colonial e ao comércio de escravos no seu reino. Contemporânea a Zumbi sua resistência influenciou as guerras dos quilombos no Brasil. A Rainha Ginga morreu aos 82 anos, sem nunca ter sido subjugada aos portugueses.

Missão

A missão do Instituto Gingas é difundir a cultura afro-brasileira e colaborar para um mundo livre de preconceito, onde as deficiências não impeçam as pessoas de gozar de uma cidadania plena.

 

Por entender que frequentemente pessoas em situação de vulnerabilidade se beneficiam sobremaneira de redes sólidas, solidárias e hospitaleiras, o Gingas vem se empenhando em promover programas e projetos que resultem em mudanças de alto impacto e valor social nas vidas das pessoas atendidas por suas ações.

 

Por celebrar a ancestralidade que dá origem ao diverso povo brasileiro, o Gingas é uma OSC que se empenha em buscar ações afirmativas colocando-se nas múltiplas arenas onde o preconceito se mostra de forma mais marcante: nas relações interraciais; no empoderamento feminino; e no enfrentamento à intolerância religiosa e cultural, à violência contra a criança e à pedofilia, e ao preconceito contra a pessoa com deficiência, marcadamente aquelas com deficiências intelectuais.

 

Compreendendo a potência de suas atividades e o alcance de suas ações dentro do universo familiar, a organização assume a missão de formar pessoas atentas ao reforço dos laços parentais, entendendo que é no seio do lar e da convivência cotidiana que se constroem as primeiras aspirações do afeto e da responsabilidade, elementos importantes também para que mães, pais, avós, tias e irmãs desenvolvam suas potências e suas capacidades de atuação nos planos simbólico, cidadão e econômico da cultura. Ao celebrar 18 anos do projeto Din Down Down em 2021, firme a seus princípios e fiel às suas raízes, o Instituto Gingas está comprometido com um dos públicos mais afetados pelo preconceito em face de um vácuo de políticas públicas.

Visão

A visão do Instituto Gingas é ser reconhecido como uma organização da sociedade civil capaz de gerar mudanças positivas, de alto valor e impacto socioambiental relevante nas vidas das crianças, adolescentes e adultos atendidos por seus programas e projetos, bem como as suas famílias e vizinhança.

 

A exemplo desta atuação, destacamos o programa Din Down Down, que recebe na APAE/Niterói um contingente de, em média, 60 beneficiários com deficiências intelectuais e motoras, mencionados em nosso método como “capoeiras PCDs”, assim como suas famílias, para aulas de capoeira e suas linguagens, percussão, canto, cultura de matriz africana, com o intuito de fortalecer a educação parental e o desenvolvimento pessoal. Esse público, em especial as mães dos atendidos pela aulas, formaram uma grande rede de apoio e sabedoria sobre as muitas dificuldades que a falta de políticas públicas geram, e deram origem ao conceito de “mãe-griô”. Trata-se de mulheres que, de forma resiliente, conseguiram, apesar de todas as dificuldades, manter seus filhos e filhas num ambiente educacional de modo constante. Através da sua oralidade, estas transmitem seus saberes no cotidiano, nos levando a enxergar outras perspectivas a partir de outras epistemologias. O Instituto Gingas conta com as mães-griô para gerar mudanças necessárias com o objetivo de contribuir para um mundo mais democrático e acessível.

Valores

Os valores celebrados por toda a equipe do Instituto Gingas e que são ensinados em todas as dinâmicas são: acessibilidade; democratização; ancestralidade; ludicidade; antirracismo; antimachismo; transparência; hospitalidade; foco nos resultados; sustentabilidade; proatividade; e acreditar na mudança.

 

O Instituto Gingas entende que a mudança acontece com base em ação e por isso está implicado no processo de impacto socioambiental positivo. A valorização da ancestralidade nos liga tanto à cultura afrobrasileira quanto à preservação da mata-atlântica, bioma onde a organização está inserida e atuante. O principal elo entre a ancestralidade e a acessibilidade no Gingas é o Din Down Down, que possibilita que muitas famílias de pessoas com deficiência desfrutem a vida em sociedade com respeito à cidadania.

 

Hospitaleiro e dialógico, nosso método busca receber as pessoas de forma afetiva, aprendendo com o que trazem de diferente. Em cada superação, a pessoa com deficiência e sua rede parental nos ensinam uma nova maneira de enfrentar os problemas. Estamos focados nas ações que podem transformar e impactar positivamente, o que fica flagrante na felicidade dos capoeiras PCDs e mães-griô nas rodas de capoeira quando jogam, cantam e dançam.

 

A experiência com as mães-griô mostra que a educação parental é um caminho sólido para fortalecer laços familiares e comunitários, e que as pessoas têm maior capacidade de enfrentar problemas em rede que sozinhas. Por isso investimos na participação ativa das famílias nos processos educativos como uma ação concreta de combate à evasão escolar e fortalecimento da noção de escola como lugar de acolhimento e pertencimento.

 

Importante ressaltar que, através do Mestre Bujão, a organização faz parte da Rede Nacional de Griôs, que salvaguarda a troca de conhecimento intergeracional pela oralidade, tendo os mais velhos como guardiões que narram os saberes para os mais jovens. É com a afrobrasilidade que o Gingas constrói a acessibilidade cultural.

ODS

Os OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade” (ONU, 2021).

 

Neste âmbito, o Instituto GINGAS está engajado em participar da década da ação para que as metas da Agenda 2030 possam ser atingidas no Brasil, em absoluta conexão com 04 ODSs, a saber: Educação de Qualidade (ODS 4); Igualdade de Gênero (ODS 5); Redução das desigualdades (ODS 10) e Paz, Justiça e Instituições Eficazes (ODS 16).

Trajetória de Mestre Bujão e do Instituto Gingas

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Em 1978

David Nascimento Bassous, conhecido nas rodas como Mestre Bujão, iniciou na capoeira, então com 13 anos de idade, de uma forma muito espontânea: no quintal de uma casa vizinha nos terrenos de chão batido no Morro do Estado, na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. 

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em 1989

Mais tarde, treinou com Mestre Paulinho Sabiá, com quem se formou em 1989 (corda marrom à época), também data de fundação do Grupo Capoeira Brasil.

 

Desde então, sua vida mostrou-se constituída de duas vias que pareciam ser linhas paralelas, seguindo direções opostas: a do capoeirista e a da formação acadêmica. No diálogo entre esses dois caminhos, veio forjando a figura do educador popular.

A partir da década de 1990

Voluntariamente, Mestre Bujão investe em um trabalho sociocultural na cidade de Niterói ministrando aulas de capoeira em três diferentes localidades, para 03 públicos distintos: na Praça Leoni Ramos (no bairro São Domingos), para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade; na Casa Maria de Magdala (no bairro do Sapê), para crianças, adolescentes e jovens portadores do HIV; e na Escola Especial Solange Dreux (no bairro de São Francisco), para estudantes pessoas com deficiência.

 

Além de Mestre de Capoeira e Griô, Davi Bassous é especialista em Acessibilidade Cultural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Ciência da Arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e, junto ao IPHAN, foi um dos pesquisadores que elevou a capoeira ao título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Em 2003

Após mais de 10 anos de acúmulo de experiências e vivências e partir de suas formações – das tradições orais de matriz africana, do pesquisador acadêmico e do educador popular – Davi Bassous é reconhecido pelo Ministério da Cultura como “Griô” (guardião da memória e da tradição oral de um povo) e “Tuxáua” (atuante na articulação contra a intolerância religiosa e cultural), idealizando então o projeto “Din Down Down” e fundando, com amigos colaboradores, a Organização da Sociedade Civil Instituto GINGAS.

Em 2008

O Instituto Gingas começa sua parceria com a APAE/Niterói, iniciando formalmente o projeto “Din Down Down” em suas instalações.

Entre 2009 e 2011

O Instituto Gingas é agraciado com três importantes prêmios: “Pontos de Valor”, pelo Ministério da Cultura; “Pontos de Cultura do Estado do RJ” (através do qual se certifica como Ponto de Cultura, formalizando um convênio com a então Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro – SEC/RJ através do projeto “Casa da Cultura Afro-Brasileira”); e “Pontinho de Cultura” – Prêmio Ludicidade” – vencedor nas 1ª e 2ª Edições, através dos quais desenvolveu, respectivamente, os projetos “O Corpo Como Primeiro Brinquedo Cultural” e “Corpo Cultural” – onde realizava rodas de capoeira e atividades com elementos da cultura popular brasileira para resguardar e difundir a cultura do brincar, tendo suas ações realizadas na Praça Leoni Ramos e na então Biblioteca Estadual de Niterói, atual Biblioteca Parque.

Em 2012

É contemplado com o Prêmio “Rumos Itaú Cultural: Educação, Cultura e Arte” com o projeto “Din Down Down – Capoeira Especial”, único projeto contemplado em todo Estado do Rio de Janeiro em um panorama de 941 inciativas desenvolvidas em todo Brasil, o que garantiu sua divulgação no livro “Sentidos: Rumos Educação, Cultura e Arte”.

Em 2014

O projeto “Din Down Down” volta a ser reconhecido com uma moção de aplauso pela Câmara Municipal de Niterói; ainda nesse ano é contemplado pela premiação da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação de Arte de Niterói (FAN) com o “Iniciativas Culturais”.

Em 2017

Recebe a certificação e o fomento como Ponto de Cultura municipal de Niterói mantendo o trabalho realizado na APAE com o projeto “Din Down Down – Gingas Acessíveis”, quando realiza o Primeiro Seminário Municipal de Capoeira e Acessibilidade.

Em 2018

O Organização é laureada com o “Prêmio Culturas Populares – Edição Selma do Coco” realizado pelo Ministério da Cultura.

Em 2019

É contemplado novamente como Ponto de Cultura municipal em Niterói onde mantém e desenvolve na APAE o projeto “Din Down Down – Gingas Mulher”.

Em 2021

Mesmo com toda dificuldade em face da Pandemia de Covid-19, é agraciado com 02 prêmios: “Din Down Down – Ritmos Ancestrais”, através da Lei Emergencial Aldir Blanc; e “Din Down Down – Mães Griô Gingando com a Vida”, através da terceira edição como Ponto de Cultura municipal em Niterói.

Em 2022

É selecionado no Edital “Retomada Cultural RJ” com o projeto “Din Down Down – Girando à Roda”.

Em 2023

Com patrocínio da ENEL e do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, via Lei de Incentivo à Cultura, inicia o projeto “Din Down Down: Construindo Laços com a Família”, ampliando sua atuação da APAE/Niterói para mais 12 escolas públicas distribuídas nos municípios de Niterói, Saquarema e Cachoeiras de Macacu.