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Acessibilidade, Capoeira e Inclusão

Sobre o Din Down Down

O Método Din Down Down

O Método Din Down Down trabalha com a ideia de “diversidade” como princípio para compreensão da importância da inclusão e acessibilidade. Sua relevância se dá no sentido de revelar que a verdadeira deficiência está na sociedade, que impõe barreiras para a plena possibilidade de expressão das pessoas com deficiência. Deflagra que a sociedade teima em apontar as pessoas com deficiência como “incapazes” ou “pouco capazes”, enquanto nosso Método prova essas pessoas têm possibilidades de expressões diversas.

Busca valorizar toda e cada experiência em particular, analisando as possibilidades de atuação de cada pessoa envolvida na experiência cultural particular e coletiva. Traz grandes benefícios, não apenas para os campos da Inclusão a Acessibilidade, mas, também, para o campo da Cultura no seu sentido mais amplo, posto que materializa um momento de educação à sociedade sobre a importância da inclusão e acessibilidade através de atividades lúdicas, dinâmicas e afetivas.

Atravessa e beneficia todos os profissionais das equipes de trabalho comprometidas com o fazer de cada projeto pautado pelo Método, em especial, os fazedores de cultura PcDs e suas mães, pessoas estas que possuem poucas oportunidades de trabalho: no primeiro caso, em face de uma sociedade extremamente capacitista; e, no segundo caso, em face do tempo que precisam dedicar aos cuidados de seus filhos, o que, em muitas das vezes, impede que se comprometam com trabalhos formais.

O Instituto GINGAS investe fortemente em ações de pesquisa e sistematização de seu Método como tecnologia social. Aplica-se na conjunção do saber de três sujeitos centrais: os “capoeiras PCDs” – pessoas com deficiência que nos ensinam o “afeto” com a mais absoluta eficiência; as “mães-griô” – mães responsáveis pela curatela dessas pessoas com deficiência que nos ensinam com ternura e eficiência sobre resiliência, compromisso e laços parentais; e pesquisadores e educadores que se colocam a somar com os primeiros na busca de transmitir, dentro dos parâmetros da cultura, um método que possa ser replicado com eficácia em outros contextos e espaços, dentre coletivos e organizações que queiram instituir programas de inclusão e acessibilidade e valorização da cultura e da diversidade, onde inclui-se o combate ao racismo; a equidade de gênero e o empoderamento da mulher.

Din Down Down: Construindo Laços com a Família

A pandemia – que evoluiu de uma crise de saúde para uma crise socioeconômica – atingiu fortemente os menos favorecidos, em especial, as famílias que vivem em periferias nas quais, em muitos dos casos, as mães solo e trabalhadoras são as chefes de família, como identificamos com frequência nas experiências e projetos construídos pelo Instituto GINGAS ao longo dos últimos anos.

Ciente das missões impostas pela agenda do desenvolvimento sustentável 2030 das Nações Unidas, o Instituto GINGAS apresenta uma proposta de programa a fim de gerar impactos de alto valor socioambiental em territórios e comunidades periféricas do Estado do Rio de Janeiro.

Há mais de 20 anos, o GINGAS oferta aulas de capoeira e música para pessoas com deficiência e, nesta deriva, participa ativamente da criação de uma rede de proteção solidária e resiliente que chamamos de “mães-griô”: mulheres que, apesar de todas as dificuldades, mantém os filhos em ambientes de aprendizagem seguros. Entendemos que essa expertise pode ser multiplicada para o fortalecimento das famílias das crianças das escolas públicas. Neste sentido, o projeto Din Down Down: Construindo Laços com a Família se debruça sobre um problema crítico em âmbito nacional, mas com graves consequências locais: a evasão escolar.

O projeto está voltado a estudantes do Ensino Fundamental, com prioridade para PcDs e, paralelamente, às mães e aos responsáveis dos estudantes. Também está voltado ao público morador dos territórios e municípios das escolas públicas atendidas, apoiado pela troca de experiências junto às mães-griô e os capoeiras PcDs do grupo artístico Din Down Down, atuando estes diretamente como facilitadoras e facilitadores nas rodas de capoeira de integração, nas reuniões de formação e nas apresentações artísticas.

O principal objetivo deste projeto é oferecer mudanças de alto valor social para crianças, adolescentes da rede pública e suas famílias, promovendo a possibilidade de fruir e produzir cultura e, também, através da capoeira e suas linguagens, aprender sobre acessibilidade cultural e ancestralidade e fortalecer os laços parentais.

Em 2023 e 2025, o projeto conta com Enel Distribuição Rio, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC/RJ), por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, presente na APAE/Niterói também em um total de 12 escolas públicas distribuídas nos municípios de Niterói, Saquarema e Cachoeiras de Macacu.

Din Down Down: Girando à Roda

Intitulado Din Down Down: Girando à Roda, este projeto está focado em circular com apresentações gratuitas do grupo artístico Din Down Down. As apresentações se dão em formato de roda, apresentando performances corporais, gestos, cantos e ritmos, bem como manifestações da cultura popular como o samba de roda e o maculelê. O grupo é constituído pelos capoeiras PcDs (pessoas com deficiência) e pelas suas mães (mães-griô), sob direção de Mestre Bujão. Em 2022 e 2023, o grupo se apresentou em Niterói e Maricá, com apoio do Edital de Retomada Cultural da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio e Janeiro.

Din Down Down: Mães Griô Gingando à Vida

O termo “griô” é universalizante, um abrasileiramento do termo “griot”, que define um arcabouço imenso do universo da tradição oral africana. É uma corruptela da palavra “creole” ou “crioulo”, a língua geral dos negros na diáspora africana. Foi uma recriação do termo “gritadores”, reinventado pelos portugueses quando viam os griôs gritando em praça pública. Foi utilizado pelos estudantes negros que estudavam na língua francesa para sintetizar milhares de definições que abarca.

O termo griô tem origem nos músicos, genealogistas, poetas e comunicadores sociais, mediadores da transmissão oral. Trata-se de sábios da tradição oral, “bibliotecas vivas” de todas as histórias, saberes e fazeres da tradição de um povo que representam nações, famílias e grupos de um universo cultural fundado na oralidade, onde o livro não tem papel social prioritário na guarda da história e das ciências das comunidades.

Em África, existem termos específicos nos diferentes grupos étnico para identificar o griô: “dioma”, “dieli”, “funa”, “rafuma”, “baba”, “mabadi”. Os primeiros povos do Brasil também reconhecem no termo Griô a definição de um lugar social e político na comunidade para transmissão oral dos seus saberes e fazeres, a exemplo dos Kaingang do Sul, dos Tupinambá das Aldeias Tukun e Serra Negra (BA), os Pankararu de Pernambuco, os Macuxi em Roraima, e tantos outros que participam da Rede Ação Griô Nacional.

(Fonte: http://www.leigrionacional.org.br/o-que-e-grio/).

Din Down Down: Mães Griô Gingando à Vida, terceiro prêmio como Ponto de Cultura pela Rede Cultura Viva Niterói, e inspirado na ideia do “griô”, é desdobramento direto dos projetos Din Down Down: Gingas Mulher e Din Down Down: Gingas Acessíveis, contemplados respectivamente nos Editais da Rede Cultura Viva Niterói de 2017 e 2018.

Considerando a importância de cada vez mais solidificar um trabalho que multiplicar saberes e fazeres populares a partir da oralidade, investimos em um projeto focado no protagonismo das mães griô e de seus filhos, os capoeiras PcDs, a partir do diálogo com a ancestralidade, conceito caro às cultura de matriz africana.

O projeto tem total relação com as diretrizes das Políticas Nacional e Municipal do Cultura Viva posto que apresenta ampla função educativa e cultural e se ampara na ideia de diferença e diversidade como método para “aderência” e compreensão do conceito de potência em contraponto à ideia de “hipossuficiência”. O projeto busca valorizar cada experiência em particular, analisando as possibilidades de atuação de cada mãe griô e capoeira PcD envolvidos. Por exemplo, nas nossas apresentações artísticas, estimulamos os capoeiras PcDs que possuem habilidades na retórica para apresentar o grupo e o projeto aos espectadores; aquelas e aqueles que gostam de organizar os colegas puxam aquecimentos e treinos; quem gosta de tocar e cantar faz parte mais fortemente do fazer musical, apenas para ilustrar alguns exemplos.

Neste processo, integramos as mães espontaneamente, convidadas a dançar, cantar e tocar instrumentos nas apresentações de seus filhos. Essa integração tornou-se não só o mote fundamental da defesa deste projeto, como deu lugar a ideia não apenas de uma participação coadjuvante, mas, sim, de um protagonismo, através do qual reconhecemos essas mães como “mães griô”, guardiães dos ricos saberes e fazeres populares, multiplicadoras do conhecimento pela oralidade.

Din Down Down: Gingas Mulher

Em constante diálogo com as mães dos capoeiras PcDs, percebemos o quanto elas se dedicam a ofertar aos seus filhos atividades de estímulo, educação e cultura, preocupadas com seus respectivos desenvolvimentos. Mas este projeto fala não apenas da cultura ofertada às pessoas com deficiência, mas também do feminino, dos dramas e lutas que essas mulheres e mães, verdadeiras guerreiras, travam em seus cotidianos.

Durante alguns anos de desenvolvimento do projeto Din Down Down, e especialmente no projeto Din Down Down: Gingas Acessíveis, observamos que, durante o período em que os filhos estavam nas atividades, as mães ficavam em estado de “ócio” à espera do encerramento das atividades deles. Nessa “ociosidade”, acompanhamos algumas delas fazendo crochê e bordados, bem como observamos conversas e trocas sobre receitas que fazem ao falar do seu cotidiano de forma espontânea.

O empoderamento feminino, vetor da Política Cultura Viva, está no centro das atividades do Din Down Down: Gingas Mulher, realizado em 2019 como Ponto de Cultura, premiado no segundo Edital da Rede Cultura Viva Niterói.

O próprio nome da proposta apresentada aqui já nos dá a dimensão dessa questão. Em sua maioria, os capoeiras PcDs contam com o apoio e a atenção incansável de suas mães. Em uma breve diagnose, é bastante comum encontrarmos casos de abandono paterno, o que faz com que essas mulheres, mães solo, assumam total responsabilidade na vida de seus filhos. Por vezes, essa entrega toma-lhes o tempo de tal forma que precisam inclusive parar de trabalhar para dar atenção devida a eles.

Pensando neste quadro, buscamos ofertar momentos de formação que possam objetivamente integrar, informar e formar sobre a participação cidadã, trazendo a mãe a aprender e ensinar junto de seus filhos na roda de capoeira.

Din Down Down: Gingas Acessíveis

Realizado em 2018 com fomento da Prefeitura Municipal de Niterói, através da Secretaria Municipal das Culturas e da Fundação de Arte de Niterói, o projeto DIN DOWN DOWN: GINGAS ACESSÍVEIS foi premiado como Ponto de Cultura do primeiro Edital da Rede Cultura Viva Niterói.

Este projeto consiste em promover ações de valorização da diversidade cultural e étnica com foco no atendimento a pessoas com deficiência. Em longo prazo e, mais especificamente, para além de integrar a educação formal com saberes e fazeres da tradição oral e das linguagens da capoeira, contribui com a ampliação das condições políticas, sociais e culturais que garantam de forma institucional o acesso a fontes de conhecimento da cultura afrobrasileira, aportando questões transversais no âmbito das relações das identidades e cidadania, tanto no plano da interracialidade como no plano da inclusão.

O projeto promove a difusão da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial através de apresentações protagonizadas pelos capoeiras PcDs e suas mães. Paralelamente, trabalha o conceito e prática da acessibilidade cultural integrados aos momentos de construção de novos aprendizados, de fruição da cultura e de fortalecimento da identidade cultural.